O PERIGO DA MORNIDÃO ESPIRITUAL
A mornidão espiritual pode ser
definida com a gradativa perda do interesse pelos assuntos espirituais. É
gradativa porque se instala aos poucos na vida do cristão tal qual um inimigo a
espreitar silencioso.
Há alguns fatores que podem
disparar o mecanismo que leva o cristão ao desinteresse pelo zelo espiritual. O
principal deles é um envolvimento crescente e cada vez mais intenso no
emaranhado da vida secular.
Evidentemente que todos precisam
cuidar da vida material, trabalhar, ganhar dinheiro, preparar-se para um mercado
de trabalho cada vez mais exigente. É interessante investir na própria
carreira, aprimorar-se, fazer cursos, crescer na empresa em que trabalha. Nada
errado em tudo isso.
Acredita-se que se os cristãos dessem
à vida espiritual a mesma atenção que de costume dão aos interesses materiais,
teríamos uma igreja mais atuante que, conseqüentemente, produziria mais frutos.
Há muita verdade nisto. O homem
não é composto só da parte material. Se ele cuida apenas da parte material,
esta vai se tornar forte enquanto se definhará a parte espiritual. O perigo
está em negligenciar o cultivo de uma vida interior de qualidade.
Felizmente, não são todos os
cristãos que se descuidam da vida espiritual à medida que aprimoram sua
condição profissional e social no mundo. Há exemplos elogiáveis de prósperos
empresários, executivos muito bem sucedidos que, paralelamente ao sucesso no
mundo dos negócios, dedicam-se de corpo e alma e com a mesma intensidade ao
trabalho do Senhor.
O problema reside no fato de que
um grande número de crentes não consegue separar as coisas devidamente e deixa
que sua vida espiritual seja ofuscada pelas fortes luzes dos interesses do
mundo.
Deve ser reiterado que não se
condena aqui a busca de melhor condição de vida. O que se pretende mostrar é o
perigo de o crente perder o foco, tirar os olhos do Senhor à medida que melhora
sua condição social e financeira. É pertinente lembrar o sábio conselho do
Senhor que ao buscar primeiro o Reino de Deus, as outras coisas virão por
acréscimo. (Mateus 6.33).
Neste versículo do evangelho de
Mateus, não seria sábio ver nele uma promessa? Será que alguém já parou para
pensar nisso? Não parece Deus firmar ali um compromisso com os que sabiamente
lêem esta passagem com as lentes da fé?
A mornidão espiritual vem como
conseqüência de se entronizar no coração qualquer assunto secular em detrimento
de aspectos do interesse do Reino de Deus. Isto se dá também porque ocorre ao
mesmo tempo a atitude idolátrica do homem ao menosprezar a pessoa de Deus.
Outro fator que leva ao desapego
e à indiferença espiritual está de certa forma, ligado ao anterior. Um relevante sintoma de mornidão espiritual é
quando o crente passa a olhar para o homem e não para Deus.
O primeiro indício é quando o
cristão começa a reclamar de tudo e de todos. Eis aí um grande sinal de
insatisfação na alma. Isto é um grande desvio de percurso. Ao buscar nas
Escrituras um antídoto para este mal, vemos o versículo que aconselha olhar
para Jesus, autor e consumador da nossa fé (Hebreus 12.2).
Um humilde, porém consagrado
homem de Deus disse certa vez que a igreja neste mundo, por mais bonito que
cante o coral, por melhor que façamos, por melhor que preguemos a palavra –
estamos tão somente a ensaiar para o momento maior que cantaremos todos juntos
no céu na presença do Senhor.
É evidente que no convívio diário
com irmãos na igreja podemos sofrer decepções e desapontamentos. Afinal, somos
imperfeitos. Mas, o Senhor espera que todos exerçam o sublime bálsamo do
perdão. O perdão é uma dupla bênção: bênção para quem o oferece e bênção para
quem o recebe.
Daí dizer que este fator está
ligado ao primeiro. Para o cristão que se afasta da igreja para dar extrema
atenção aos cuidados do mundo, basta uma fagulha para causar um grande
incêndio. Um pequeno mal entendido serve como pretexto para afastar-se mais ou
deixar definitivamente o convívio com os irmãos.
Que todos os cristãos procurem
identificar os primeiros sintomas da indiferença espiritual sejam quais forem. Que
possam perdoar e pedir perdão sempre, ver nas palavras do evangelho de Mateus uma
verdadeira promessa de amparo para quem busca o Senhor em primeiro lugar.
Evandro Queiroz
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